A Justiça concedeu aposentadorias por invalidez e benefícios sociais para 27 pessoas diagnosticadas com xeroderma pigmentoso, ou XP, no povoado de Araras, que fica a 40 quilômetros de Faina, na região noroeste de Goiás. A doença é fruto de uma mutação genética que gera hipersensibilidade a luz e deixa os pacientes mais suscetíveis ao câncer de pele.
O local, onde vivem 800 pessoas, tem a maior taxa de incidência da enfermidade no mundo - 1 para cada 40 habitantes - segundo a Associação Brasileira de Xeroderma Pigmentoso (AbraXP). A doença é hereditária e ainda não existe uma cura. A grande incidência ocorreu devido aos casamentos entre parentes, pelos quais transmitem o gene defeituoso.
Com a decisão, os pacientes beneficiados irão receber um salário mínimo por mês. Eles comemoraram a medida. "Eu creio que pelo menos vou poder acompanhar meu tratamento com de forma mais digna", disse o trabalhador rural Luís Carlos Apolinário.
Na família dele, outros três irmãos possuem o XP. Para a Maria José Apolinário, o dinheiro também vai ser de grande utilidade. "Sem a luta, a gente não consegue nada. Então a gente tem que lutar que Deus vai abençoar a gente chegar lá na frente", afirma.
Espera
Os moradores do povoado esperavam pela notícia. Eles entraram com o pedido em 2010. Porém, a solicitação foi rejeitada. O juiz Rodrigo Bustrolin disse que a mudança se deu após a realização de um mutirão para analisar os casos.
"Eu tenho certeza que muitos deles, aqueles que têm o direito, vão ter a sua dignidade resgatada por essa parceria do Tribunal de Justiça com o INSS", pondera.
Muitos deles reclamavam de ter que se expor ao sol. "O sol para nós é um veneno", diz Wanda Jardim Pinheiro. A irmã, Claudia Jardim, segue a mesma linha. "Seu sair no sol, eu sinto a minha pele queimando. É a mesma coisa de por fogo", explica.