Um mutirão realizado neste final de semana no povoado de Araras, que fica a 40 km de Faina, na região noroeste de Goiás, realizou mais de 700 atendimentos médicos em pacientes com xeroderma pigmentoso. A doença rara eleva em até mil vezes o risco do portador em ter câncer de pele.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a localidade possui o maior taxa de incidência no mundo, sendo 1 para cada 40 habitantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa taxa é de um caso para cada 1 milhão de habitantes. A doença não tem cura e após passarem por várias operações, os pacientes tiveram seus rostos mutilados, sendo obrigados a usar próteses rudimentares.
Vários moradores passaram por exames capazes de identificar possíveis lesões na pele. Outros chegaram a ser submetidos à pequenas cirurgias, caso, por exemplo do lavrador João Gonçalves da Silva, de 83 anos. "Estou animado. A verruguinha que esgotava demais já foi cortada", diz.
Durante o mutirão, também foi criado um grupo médico de apoio permanente para tratar os pacientes. Saliva foi coletada para pesquisas genéticas. O motivo para a incidência tão alta é o grande número de casamentos consanguíneos, ou seja, entre parentes, que fazem com que o gene defeituoso hereditário seja transmitido.
"Aqui eles casam muito primo com primo, aumentando a chance da doença aparecer nos filhos. Nós não vamos impedir o amor entre eles, mas nós vamos dar um aconselhamento genético", explica o presidente da SBD, Gabriel Gontijo.